(04.11.10) 


Olá, pessoal! Depois do sumiço, hoje resolvi fazer um post um pouco descontraído (e bem sincero) para conversar com vocês sobre algo que tem me deixado de cabelo em pé: e se as expectativas não forem alcançadas?

Para quem não sabe, no início deste ano tomei a decisão de me focar completamente nos programas de trainee. Pedi demissão do meu emprego e entrei de cabeça na busca por uma vaga na empresa dos sonhos. Tentei me aprimorar, me conhecer melhor, busquei cursos, conversei com experts no tema, etc. Em resumo: criei um objetivo claro e há 8 meses tenho corrido atrás dele. Mas, com o mês de Novembro começando, é praticamente impossível não pensar: e se não der certo?

A verdade é que este é um pensamento assustador para qualquer pessoa que esteja focada na busca por uma vaga de trainee. Cogitar a ideia de ingressar no mercado de trabalho com um cargo diferente deste (o de trainee) é proibido, justamente para que não haja um colapso emocional ou uma perda de foco. Mas depois de tantas negativas temos que nos preparar para voltar à realidade - e ao "mundo das pessoas normais".

Até este momento, já levei a tão temida "bota" de todas as minhas empresas (mais) favoritas. Em algumas cheguei até a dinâmica, a entrevista, o painel. Em outras nem da triagem passei. Recentemente fui desclassificada do processo da Unilever e, por ser minha empresa dos sonhos desde que entrei na faculdade, tive uma semana depressiva embaixo das cobertas, tomando sorvete e choramingando o fracasso. E isso é absolutamente normal. Mas, daquele ponto em diante, comecei a encarar a possibilidade de que eu posso não começar o ano de 2011 como trainee.

Eu acho que é neste momento - o de tomar conhecimento de que as coisas podem não ser como esperamos - que uma das principais características procuradas em um trainee vem a tona: a resiliência. É preciso ter muita força, determinação e, ao meu ver, principalmente coragem para começar a se desapegar de um sonho. Não estou dizendo que devemos desistir, muito pelo contrário. Meu objetivo é buscar a minha vaga até que o último processo me envie o e-mail de desclassificação. Mas já começo a me acostumar com a ideia de que, ano que vem, terei uma nova jornada a seguir: a busca por um emprego pelas vias "normais".

Para muitos este pensamento pode soar absurdo. Pode parecer que estou desistindo de um objetivo no meio do caminho. No entanto, enxergo a necessidade de estarmos preparados para todos os resultados possíveis. Podemos, sim, ser contratados como trainees de uma grande empresa. Mas podemos participar de 30 processos no ano e, no fim, descobrir que não fomos feitos para isso. E aí, o que vai ser da nossa vida?

É por isso que acredito que, para quem está na mesma situação que eu (2 anos de formado e sem um carimbo escrito "TRAINEE" na carteira de trabalho), esta é a época para começar a planejar o futuro caso as coisas não se encaminhem conforme o esperado. Preparar um bom currículo, cadastrar seu perfil nos sites das empresas e analisar mensalidades de sites de emprego (como a Catho Online) são algumas das ações que podemos tomar. O importante é que tenhamos alguma coisa encaminhada quando não existirem mais processos nos quais possamos nos inscrever.

E uma coisa que acho fundamental entendermos é que ser trainee não é tudo. Existem muitos jovens insatisfeitos e muita evasão nos programas. A verdade é que nem todos foram feitos para ser trainees, e pular etapas e acelerar o crescimento pode não ser o ideal para todos nós. Às vezes entrar no mercado como Assistente ou Analista nos fará ter muito mais maturidade para, no futuro - próximo, é o que esperamos -, exercemos com sucesso um cargo de liderança.

Texto de Mari Medeiros

15 comentários

  1. Rafael Vandalete // 4 de novembro de 2010 às 10:19  

    Olá Mari,

    Sou leitor assíduo do blog de vocês e antes de comentar gostaria de parabenizá-las pelo ótimo conteúdo e pela utilidade das informações passadas pelo site.

    Estive lendo o seu texto e me identifiquei com seus comentários e com a experiência que relatou. Assim como você, me inscrevi em alguns processos, já tomei um não em vários deles, fiz algumas dinâmicas sem resposta definitiva até então e acredito também que as oportunidades realmente estejam se esgotando conforme o fim do ano se aproxima.
    Por estar me formando agora, creio que várias outras oportunidades ainda virão mas acredito que seu relato em relação à possibilidade de que as coisas não venham a ser da forma que esperamos é muito válida e abre a discussão em relação à continuidade de um plano de carreira efetivo, sem que fiquemos presos a uma única possibilidade.
    Já atuo ná área em que estou me formando mas ainda busco uma oportunidade que faça valer meu investimento nos estudos. Enxergo que a vaga de trainee em uma grande empresa é a oportunidade ideal para o impulso na carreira da forma que almejo, mas já me peguei algumas vezes considerando a hipótese de que as coisas não caminhem conforme esperado.

    De qualquer forma, independente de como seja o fim da história de cada um dos processos em que venhamos a participar, apenas o tempo irá responder se o resultado final foi bom ou não.

    Parabéns mais uma vez pelo site, agradeço pela sinceridade em teu relato (que fará com que várias outras pessoas assim como eu considerem um "Plano B") e te desejo sorte em seu futuro profissional, seja ele onde for.

    Rafael Vandalete - Taubaté SP

  2. Unknown // 4 de novembro de 2010 às 14:25  

    Olhe, me arrepiei com esse artigo. Parece que foi pra mim esta escrita. Também pedi para sair do emprego, terminar a minha engenharia e encabeçar o trainee. Investi em cursos fora do país para tentar ser diferente. Mas percebo, que o profissional brasileiro, jovem, está cada vez mais elevando de nível, então está aberta a caça por trainees. Não estou desistindo também, vou até o último processo aberto!

    Vamos lá.

    Carlos E. Helfer
    cehelfer@live.com

  3. Marianne // 4 de novembro de 2010 às 21:47  

    Oi, meninos!

    Rafael,

    Primeiramente, obrigada pela visita e pelos elogios! :) E pelo seu comentário percebi que alcancei um objetivo que sempre tenho quando escrevo aqui no blog: fazer as pessoas pensarem e refletirem sobre as coisas.. Eu já estive muito focada nos trainees e nem cogitava outra coisa. Hoje já estou abrindo a cabeça, enviando currículos através de amigos para algumas empresas, etc.. A verdade é que não posso me dar ao luxo de ficar desempregada por muito mais tempo, e se os trainees não derem certo, preciso ter algo encaminhado, né? Acho extremamente importante que pessoas na mesma situação que eu reconheçam a hora de "voltar pra realidade", se não corremos um sério risco de ficarmos frustrados e, pior ainda, desempregados..

    Carlos,

    Você não sabe como é bom ouvir que tem mais gente no mesmo barco que eu! Hahaha.. Sabia que estava correndo um risco quando saí do meu emprego, ainda mais por já ser formada, mas preferi investir com tudo para depois poder dizer que dei o melhor de mim. Acho importante estabelecer objetivos na vida.. Me sinto extremamente desafiada e guiada por objetivos, então tento fazer isso sempre. Mas também sei que não vou ter sucesso em todos sempre. E acho que isso é o mais difícil de aceitar, para todos nós, não é?

    Boa sorte pra vocês, meninos! Que vocês também tenham muito sucesso!

    Um abraço,

    Mari

  4. Rafael Vandalete // 5 de novembro de 2010 às 08:32  

    Na verdade penso que esta tal frustração se dá primeiro pelo nosso inconsciente, que nos faz mergulhar em nossos objetivos sempre almejando aquilo que traçamos como meta para nós e também, por não termos a real dimensão dos processos que estamos envolvidos e com a quantidade de pessoas que concorremos quando fazemos a inscrição para uma vaga de trainee.
    Hoje em dia, tenho maior noção da complexidade e da competitividade atingida nos processos das grandes empresas, algo que eu não fazia a menor ideia quando me escrevi para as primeiras oportunidades.

    Poderíamos ficar horas a fio discutindo sobre nossas ideias e chegaremos a um concenso de que para que tenhamos sucesso em oportunidades como essa é preciso muita competência aliada a uma pitada de sorte também.

    De qualquer forma, Mari, se a tua intenção era saber se tocou na ferida quando escreveu o texto te digo que o objetivo foi alcançado. E que se a torcida do pessoal que frequenta o blog contar, pode ficar tranquila que esta situação de desemprego será apenas passageira...

  5. Anônimo // 5 de novembro de 2010 às 15:13  

    Oi Mari,

    "Tamo Junta"!!

    Acabei de tomar uma bota... meu tempo tb está esgotando, moro no sul como vc... aliás fizemos o painel da Dpaschoal juntas...

    Eu estou me auto analizando...eu cheguei a passar algumas oportunidades de serviço, porque queria me preparar parar ser trainee.... e é o risco que corremos, chegar na entrevista e não sermos escolhidos...

    Confesso, que NÃO ME ARREPENDO de estar tentando mesmo que tenha a possibilidade de eu não chegar a ser trainee... fazer o que, é a minha filosofia de vida, quero sempre olhar para trás e dizer que que eu dei o meu melhor, tentei tudo que foi possível!

    Bem, sucesso para nós!!!!

    Larissa

  6. Jüüh Coccinelle // 6 de novembro de 2010 às 13:08  

    Mari,

    Achei fantástico o seu texto e confesso que me identifiquei muito. Me formo somente no final desse ano, e meu objetivo desde que entrei na faculdade era ser Trainee. Meu sonho também era a Unilever e eu rodei no processo na terceira etapa. Fiquei devastada.

    Mas querida, força!

    Independente de trainee ou analista, ou assistente, realmente precisamos estar preparados para o que o mercado de trabalho espera.

    Também tive a fase do Trainee ou Trainee, mas entendo hoje, com mais clareza depois das "botas" hehe, que existem momentos e perfis para os Trainees.

    Vou até o final do último processo seletivo, mas vou também com a luz de que existem outras oportunidades interessantes para um começo de carreira.

    Força baby.

    2011 está aí e nós vamos dar certo =)

  7. Marianne // 6 de novembro de 2010 às 21:32  

    Oi, pessoal!

    Gente, fico feliz demais lendo os comentários de vocês, sabiam? Muitas vezes me pergunto se tenho dúvidas, questionamentos e medos sozinha, se estou ficando louca e fazendo tudo errado. Mas, lendo os comentários de vocês, percebo que tem mais gente na mesma situação que eu. Me sinto menos solitária nesse momento em que preciso encarar a "realidade" tão diretamente.

    Rafael,

    Eu concordo muito quando você diz que a frustração se dá pelo nosso inconsciente. Mas tem algo mais que acho que pesa bastante: o fato de muitos de nós estarem acostumados a alcançar seus objetivos com facilidade. Acho que candidatos a trainee são pessoas que cresceram em situação confortável, tiveram desejos e conseguiram conquistá-los (como os intercâmbios) pela situação econômica dos pais, por exemplo. Estamos (eu, pelo menos) acostumados com o sucesso, e receber tantos nãos vai um pouco contra o que a gente espera. Mas também acho que isso nos faz perceber a dimensão e a dificuldade que é ingressar no mercado, e que nem sempre teremos sucesso ou seremos avaliados justamente, né.

    Larissa,

    Eu lembro de você! É bom encontrar conhecidos aqui pelos comentários hehehe :)

    Eu também não me arrependo de estar tentando. Eu me sinto EXTREMAMENTE mais preparada para o mercado hoje do que quando estava saindo do meu emprego. Só as experiências dos processos já me fizeram crescer muito pessoalmente e profissionalmente. E, se não for pra ser aprovada, pelo menos grandes lições vão ficar disso tudo! O importante, como você disse, é olhar para trás e dizer que demos o nosso melhor! :)

    Ju,

    Obrigada pelas palavras! Mas, olha, você ainda tem um caminho de 2 anos pela frente. A Unilever abre o processo seletivo todo ano e você ainda pode conquistar esse sonho! E acho que a maior lição disso tudo a gente já aprendeu: "existem outras oportunidades interessantes para um começo de carreira". É importante lembrarmos sempre disso!

    Muito sucesso a todos!

    Um abraço,

    Mari

  8. Joel // 7 de novembro de 2010 às 12:34  

    Olá Mari,

    Muito bom seu texto!
    Na verdade, essa reflexão é recorrente para mim: vou (quando) alcançar minha meta profissional?
    O que me tranqüiliza é saber que tenho me empenhado em fazer minha parte e ler bons textos como o seu.

    Abraço e boa sorte.

    Joel

  9. Unknown // 7 de novembro de 2010 às 17:33  

    Olá Mari:

    Muito obrigada por esse texto!! Ele dá um alivio para mim também que andei bem depremidinha esse último mês. Saber que tantas pessoas talentosas estão na mesma situação que eu, me faz visualizar que não é um problema pessoal e sim da situação e momento que vivenciamos.

    Desejo profundamente que todos nós, você que escreveu esse texto que nos traduz e todos que leram e compartilharam o mesmo sentimento, que possamos não somente nos inserirmos no mercado, mas também sermos felizes nas esquipes que nos acolherem, pois no fim das contas é o que realmente queremos.

    Novamente um grande obrigada e um abraço para você.

  10. Unknown // 8 de novembro de 2010 às 01:34  

    Mari e comentaristas...

    Estou na mesma situação que vocês e compartilho das mesmas idéias e opiniões.

    Apenas acrescento que o valor de todo esse nosso sacrifício é justamente o aprendizado (embora doloroso) e as amizades que ficam.

    E mais que ser feliz nas equipes que nos acolherem é fazer nosso melhor, mostrar todo nosso potencial e fazer acontecer!

    Que o Noel nos dê essa paz de espírito para 2011.
    Beijos e sucesso a todos.

  11. Nathi Carvalho // 8 de novembro de 2010 às 13:55  

    Oi Mari!

    Realmente é muito bom saber que não estou sozinha nesse mundo!
    Daqui 15 dias estou saindo da empresa em que trabalho para tentar a vida de trainee! Me formei o ano passado e já tomei vários "nãos" e principalmente por não ter experiência na área (jornalismo!). Mas a fé não acaba, ás vezes tenho momentos de pesadelo onde lembro que fiz esse mesmo trajeto quando largeui o emprego para tentar um estágio em jornalismo e não consegui. Mas agora, acredito que vai ser diferente e minha hora vai chegar!

    Boa sorte para todos nós!

    Beijo Nathi Carvalho

  12. Rafael Vandalete // 8 de novembro de 2010 às 16:25  

    Off Topic total:

    Alguém aqui vai pra dinâmica da Bunge essa semana??
    Marquei a minha pra 5ª feira às 13:30, se alguém estiver na mesma situação, podemos trocar ideias.

    MSN: rafavandalete@hotmail.com

  13. Anônimo // 9 de novembro de 2010 às 12:43  

    Olá Mari,

    Assim como os demais leitores me identifiquei bastante com suas palavras, também tenho enfrentado diversos (e desgastantes) processos seletivos (saindo em algumas fases, passando em outras e lidando com uma gama enorme de sentimentos, sensações e conhecimentos) e também estou desempregado(sendo que ainda tive uma "fase de concursos" antes da de trainee, então foram váaarios "não's" até agora hehehe)

    Acredito que a gente deve sempre ter algum plano B (C,D,E...) na manga para todas as ocasiões,e mesmo que tenhamos nossas preferências temos que estar atentos e abertos as possibilidades...atualmente tenho um processo seletivo de mestrado em paralelo com meus processos de trainee (fica como uma sugestão para os que também estiverem desempregados, um mestrado ajuda bastaaante..)

    Sei como é aguentar a decepção de ver aquilo que tu te preparou por vários meses acabar em um email, mas assim como os demais já disseram, te digo para continuar na busca por oportunidades, sejam elas de trainee ou não, que tu acredite ter relação com seu perfil e que possam te dar o desenvolvimento desejado (coisas que só nossas constantes auto-reflexões de canditados a trainee nos dizem) que tu vais estar no caminho certo!

    E desde já agradeço a vocês gurias por terem criado um blog tão interessante que serve de conforto e referência para mim e para muitos outros leitores =D

    Boa sorte com tudo! E até mais!

    Guillermo.

  14. Tati Abrão // 9 de novembro de 2010 às 13:15  

    Bom, eu, a Mari e a Carol já conversamos bastante sobre este assunto, mas tive que vir opinar publicamente sobre o texto, hehe.

    É isso mesmo, né, gente. Todos nós sonhamos com o melhor e, hoje, achamos que o melhor para nós é ser trainee. Mas também temos que ter consciência que, assim como a maioria dos candidatos dos processos, nós somos qualificados para o mercado, então não vamos ficar desempregados e sem rumo ou fadados ao fracasso profissional caso não alcancemos este sonhho, não é? Existem outras maneiras, mesmo que mais lentas, de se construir uma carreira de sucesso e nós devemos estar dispostos a percorrer esse caminho.

    Marix, parabéns de novo pelo texto, você viu que mexeu com muita gente, né? hehe

    Pessoal, obrigada mesmo pelos comentários, nós ficamos super felizes com o feedback. :)

    E boa sorte para todos nós!

    Tati

  15. Sellie Cardoso // 12 de novembro de 2010 às 03:10  

    Olá Mari!

    Fiquei feliz em encontrar esse blog... é muito bom conhecer pessoas que compartilham um mesmo sonho!
    Me formei no final de 2009.. com o desejo de ingressar em uma grande empresa como trainee, o que (na minha opinião) seria uma ascensão imediata em minha carreira. Assim como você eu sai de um emprego, e até recusei algumas propostas a fim de alcançar meu objetivo.
    Passei por algumas experiências, em alguns processos fui recusada na 1ª fase, já em outros cheguei até etapas avançadas, sendo que em um passei por todas as fases... e nem assim fui chamada!
    Hoje, novembro de 2010, me vejo acuada, porém, não encaro a existência de um "plano B" como uma frustação, e sim como uma oportunidade de aprimorar meus conhecimentos... adquirir experiências e tentar atingir o perfil tão famigerado pelas organizações.
    Não tenho certeza se vamos conseguir o tão sonhado cargo... mas tenho plena convicção de que estamos trilhando o caminho certo. O sucesso será alcançado, e se não vier pelo caminho que queremos, que venha por outros! Desde que ele venha!


    Boa Sorte para nós!!
    Beijos