(16.07.10)

Já faz algum tempo que tenho vontade de dar uma dica para todos os Gen Y por aí, principalmente para mim mesma: Tenhamos CALMA.

Entre todos os rótulos já usados para a nossa geração, um deles se destaca como uma grande verdade ao meu ver: somos “afobados”. Queremos entrar em uma empresa e crescer, crescer, crescer. Ser reconhecidos. Ter feedback (preferencialmente, positivo). Queremos oportunidades. Passamos muito tempo sonhando com a nossa empresa “queridinha” - aquela na qual adoraríamos trabalhar – mas, se conseguimos essa chance, temos pressa de nos destacarmos lá dentro. Não “degustamos” o tempo de experiência e, principalmente, de aprendizado desse cargo. E, devido a essa pressa, ouvimos muitas histórias de jovens que se decepcionaram com as empresas para as quais lutaram tanto para entrar.

Será que não precisamos nos acalmar um pouco? Não só depois de conseguir essa chance, de alcançar o sonho (seja ser um trainee ou apenas conseguir uma oportunidade em uma boa organização), mas antes também. Será que a nossa pressa não causa um deslumbramento infundado? Vemos defeito nos nossos empregos por termos pressa de nos desenvolver e imaginamos que na nossa organização queridinha as coisas são muito diferentes. Mas nem sempre são. Não podemos esquecer que essas empresas que admiramos são isso mesmo: empresas. E, como todas as outras, tem suas burocracias, seus processos e, até mesmo, suas injustiças. Era fácil suspeitar que a empresa dos sonhos da maioria dos jovens é o Google, e isso foi confirmado por uma pesquisa desenvolvida pela consultoria Cia. de Talentos. Isso acontece devido à imagem que o Google passa: uma organização dinâmica, com horários flexíveis, inovadora, que preza a qualidade de vida e investe nos projetos dos seus colaboradores. Tudo com o que a geração Y sonha em um emprego. E, ainda assim, todos os anos, o Google perde funcionários, assim como todas as outras empresas. Isso mostra que não existe uma organização perfeita. E que na “empresa dos sonhos” dos jovens também existem profissionais insatisfeitos.

Pensando nisso, sugiro que tenhamos um pouco mais de paciência. Assim como todos os membros da minha geração, também tenho essa característica um pouco afobada. Estou num emprego legal há pouco tempo e, esses dias, ao ouvir sobre a abertura de uma vaga interessante dentro da própria empresa, pensei: “Será que posso me candidatar?”. E aí levei um susto comigo mesma. Não adquiri nem 10% do conhecimento que creio que posso adquirir aqui. A nossa vontade de crescer, de mudar, de se destacar é tão grande que às vezes passa por cima do tempo necessário para nos desenvolvermos. De que adianta alcançar rapidamente um bom cargo, se não temos preparo suficiente para ele? E isso também serve para rever uma possível insatisfação no emprego: será que esse sentimento não é infundado, baseado apenas nessa “pressa”?

Um dos principais motivos pelos quais resolvi começar esse texto foi para lembrar a todos os candidatos a trainee que, apesar de ser um atalho para uma “carreira de sucesso”, a maioria dos programas não são exatamente curtos. O período de trabalho normalmente varia entre um ano e meio a dois anos. Você, candidato, está pronto para passar todo esse tempo se esforçando, se dedicando, em uma empresa onde seu potencial será avaliado a cada momento? Será que não vai achar esse período muito longo? E, meu questionamento principal... será que não vai acabar jogando fora uma grande oportunidade por ter pressa demais?

Sei que esse texto está cheio de questionamentos, mas a intenção era essa mesmo... apenas refletirmos sobre esse comportamento praticamente padrão entre os Gen Y e, talvez, mudarmos um pouco nosso posicionamento daqui para a frente. Sabemos que nosso ritmo profissional é bem diferente do ritmo das outras gerações presentes na maioria das grandes empresas. Mas quem sabe uma pequena mudança de comportamento nos ajude a encontrar um meio-termo.

Texto de Tati Abrão

6 comentários

  1. Fernanda Arruda // 16 de julho de 2010 às 13:24  

    Muito bom esse texto Tati! E concordo muito como o que você escreveu.Quantos de nós já não deixou uma bela oportunidade de crescimento e aprendizado passar por não termos paciência? Queremos muito em muito pouco tempo, queremos tudo de uma só vez. Ficar um pouco em cada empresa, conhecer um pouco de cada coisa, muitas vezes só demonstra que, na verdade, ainda não sabemos quase nada. Ter calma é mais do que essencial para quem quer um crescimento efetivo. Mas sem esquecer que ter calma, definitivamente, não é se acomodar, ok?!

    Beijos meninas! Adoro o blog de vocês!

  2. Edson Soares // 16 de julho de 2010 às 19:55  

    Olá, parabéns pela reflexão, acabei de conhecer este lugar e já me senti em casa, licença...

    Além do que mencionou acima, gostaria de mencionar ainda a "pressa" que temos para executar nossas atividades diárias, não é somente sede por crescer, estamos sedentos de vontade de terminar, de arrumar, de mudar as coisas, mas quando começamos, muitas atividades muito complexas, com dependências de outras pessoas ou deptos nos deixam estressados...

    POr exemplo, outro dia, parei (STOP!).
    Estava no computador com escrevendo um relatório e analisando um grafico, conversando com uma pessoa no telefone, twittando com os amigos e ouvindo música... como posso me concentrar desse jeito? como posso extrair o máximo de proveito para uma atividade... se nem foco no que estou fazendo consigo ter...

    Isso tudo também é pressa, e para que ? Para que viver nesse ritmo tão acelerado?

    E vocês, o que encaram no dia-a-dia???

    Valeu... estou adorando este lugar,,, acho q vou puxar uma cadeira, nos vemos em breve.

    Bjaum

  3. Marianne // 17 de julho de 2010 às 20:19  

    Taticaaaaa, foi parar no Foco Talentos de novo! \o/

  4. Tati Abrão // 18 de julho de 2010 às 10:39  

    Oi pessoal!

    Fer, concordo muito com o que você escreveu, ter calma não é a mesma coisa que se acomodar, e acho que muita gente pensa que sim. Eu sempre mentalizo aquela frase do Saramago, mas invertida: "não percamos tempo, mas não tenhamos pressa", hehehe! Porque é mais ou menos isso mesmo, acho que não podemos bobear ou nos acomodar, mas isso não significa que precisamos ter essa pressa tão característica da nossa geração!

    Edson, seja bem vindo! Que bom que gostou do nosso blog! Esperamos te encontrar por aqui mais vezes! :)

    E Mari, ueba, brigada por avisar, eu não tinha visto ainda! Fiquei super feliz, hehehe! \o/

  5. Unknown // 18 de julho de 2010 às 15:55  

    Olá Tati!

    Nossa, esse texto reflete exatamente o que estou passando. Recentemente fui aprovada em um programa de trainee de uma grande empresa nacional. Esta semana me peguei triste e levemente decepcionada. E por quê? Simplesmente porque gostaria de sair de minha cidade natal e a empresa quer me manter aqui por mais 3 meses. Isso mesmo! Por causa de 3 meses a mais fiquei triste com o início do programa. Sei que tudo bem, a empresa vendeu durante todo o processo a mudança e a necessidade de disponibilidade para residir em qualquer cidade do Brasil, mas realmente, nem toda a empresa é perfeita, tem suas burocracias e suas necessidades; e nem toda a empresa vai atender as nossas necessidades no momento em que queremos.
    Somo agéis sim, rápidos, dinâmicos. Ponto pra nós. Mas somos muito impacientes e devemos aprender com as gerações anteriores a arte de saber esperar. Que sirva de aprendizado para mim e para tantos outros que as vezes por pouca coisa querem sair chutando o pau da barraca.

    Abraços.

  6. Fábio Pessoa // 19 de julho de 2010 às 14:05  

    Legal, mais eu acho que é muito relativo, pessoal. Euparticularmente sou muito ancioso e "afobado", sei que a empresa não vai se adaptar nesse meu stilo e alguns também deve achar rápido demais. Mais é isso o que eu gosto, atividade, empreender, ainda trabalho em uma empresa corporativa por experiência, mais futuramente quero empreender nem se for uma barraquinha de HOT-DOG.