(11.08.10) 
Esta semana iniciei um curso de Chefia e Liderança, ministrado pelo SENAC-PR. Entretanto, após a primeira aula, cancelei minha participação pois percebi um enorme conflito entre o que eu, uma típica Geração Y, acredito e o que estava sendo ministrado pelo professor.

O que pude perceber, já nos primeiros minutos, é que o professor - que não está mais no mercado de trabalho - é um chefe, não um líder. Particularmente, eu não acredito em chefia, e sim em liderança. Como citei neste texto, um líder deve ser delegador de tarefas e se tornar cada vez menos necessário. O chefe, por outro lado, procura ser essencial para a empresa, balizando as atividades de seus funcionários. Muito da frustração que nós jovens sentimos em um emprego é justamente por não termos liberdade ou não sermos responsabilizados por atividades fundamentais à organização. Em muitos casos, um chefe acaba por nos transformar em "estagiários de luxo", por não confiar que possamos realizar um grande trabalho.

Conforme ouvia o que o professor falava percebi que aquele curso também é responsável, ainda que por uma parcela mínima, pelo sentimento de frustração dos jovens no mercado de trabalho. Enquanto pessoas continuarem a passar experiências (e quando falo em experiência, não estou me referindo à experiência no ramo ou maturidade, mas sim à experiência como gestor) que estão ultrapassadas para o mercado atual, continuaremos a nos deparar com chefes ultrapassados e que terão dificuldades em aceitar a versatilidade e ousadia da Geração Y.

Devemos, sim, observar nosso comportamento e buscar uma adaptação saudável nas organizações, sem tentar mudar radicalmente suas estruturas. Entretanto, a via deve ser sempre de mão dupla: as empresas precisam se desengessar e mudar paradigmas antigos que não servem para liderar a Geração Y. E precisam ensinar a seus chefes que a moda agora é liderar, e não chefiar!

Texto de Mari Medeiros

4 comentários

  1. Hellen Katherine // 11 de agosto de 2010 às 13:38  

    Muito bom o texto! Acho que a dificuldade está justamente nesse limite entre chefiar e liderar, é uma linha muito tênue. Acho que o principal ponto é que o líder busca formar novos líderes e o chefe não. ;)

  2. Marianne // 12 de agosto de 2010 às 10:24  

    Oi, Hellen! Obrigada pelo elogio e pela visita!

    Também acho que o limite é muito tênue em alguns pontos.. E acho que o chefe busca cada vez mais obrigações para si ao invés de delegar aos outros e passar seus conhecimentos, como o líder faz. O chefe tem medo de se tornar desnecessário e acaba impedindo o nascimento de um futuro sucessor dele.. Infelizmente, né?

    Um abraço!

    Mari

  3. Filipe // 14 de agosto de 2010 às 16:57  

    Mari.
    Concordo em gênero, número e grau. Diariamente me pergunto: Até quando teremos que aturar os jurássicos BabyBoomers?

  4. Unknown // 14 de agosto de 2010 às 17:20  

    Filipe, eu vou ter que discordar do seu comentário... eu concordo totalmente com o texto da Mari, e com essa necessidade de líderes substituírem os chefes.

    Mas acho que as gerações precisam aprender em primeiro lugar a se respeitar, a conviver e procurar o aprendizado a partir das suas diferenças. A geração Y está entrando no mercado agora, enquanto os Baby Boomers estão construindo esse mercado há tempos, possuem experiência e muita coisa para nos transmitir. Não é porque nós estamos entrando, que eles obrigatoriamente precisam sair, não é?

    Não devemos "aturá-los", mas buscar uma harmonia. Provavelmente eles também pensam: "Até quando tenho que aguentar esses pirralhos?". Mas nem todos são jurássicos e ultrapassados, isso depende muito mais da cabeça do que da idade e da geração a que cada um pertence. Assim como nem todos os jovens nascidos na década de 80 se reconhecem como Geração Y, há os Baby Boomers que não são antiquados e procuram se atualizar. E podem inclusive ser líderes, eu conheço vários exemplos!

    O importante é sempre existir respeito mútuo e a vontade de conviver e aprender.

    Um abraço!