(16.09.10) 


Hoje resolvi tratar de um tema bastante polêmico para os candidatos a uma vaga de trainee: o feedback. Até que ponto ele é válido? Em que momento ele é construtivo? Como devemos lidar com o feedback recebido?

A maior reclamação que nós, candidatos e jovens da geração Y, fazemos das consultorias e empresas é que elas não nos informam os motivos para não termos sido aprovados em um processo. Recebemos um e-mail com uma frase de agradecimento, dizendo que infelizmente não foi possível manter nossa participação. É frustrante, sim, especialmente se este e-mail vem após uma etapa presencial. Muitas vezes acreditamos ter ido bem e termos o perfil alinhado com a empresa, então a negativa vem como uma surpresa. Mas o que foi que eu fiz de errado? O que faltou para eu ser aprovado para esta vaga? São perguntas naturais que surgem e a ausência de feedback acaba se tornando um grande problema.

Mas será que é sempre bom receber feedback?

Talvez pela grande parcela de pessoas reclamando do não-uso desta ferramenta, algumas consultorias e empresas passaram a implementá-la já nas primeiras etapas presenciais dos processos. Logo após a dinâmica o resultado já é divulgado e as pessoas que não passam ficam para um feedback da participação.

Recentemente participei de um processo neste molde. Não fui aprovada na dinâmica e fiquei para o feedback (ele era opcional, quem não tivesse interesse poderia ir embora). Conforme as pessoas saíam da sala, percebi que a maioria delas saía frustrada e sem concordar com o que o RH da empresa havia dito. E comigo não foi diferente. O que o RH fez foi me perguntar porque eu achava que não tinha sido aprovada e, após dar minha opinião, eles somente reafirmaram o que eu já havia dito (que foram características que realmente percebi  serem responsáveis pela minha reprovação). Mas o que me deixou decepcionada ainda estava por vir: ouvi que eu era apaixonada demais pelo que fazia e que tinha energia demais. Minha reação foi ficar em silêncio, pois achei um absurdo ouvir aquilo. Desde quando ser apaixonada pelo que se faz é um problema?

Acredito que as empresas tenham perfis e procurem profissionais com características diferentes. Talvez a empresa procurasse um perfil mais técnico e tranquilo (e pelas pessoas que foram aprovadas senti exatamente isso), mas ao afirmar durante o feedback que uma característica é um problema, como foi o meu caso, a empresa pode causar um impacto negativo no profissional: fazer com que ele mude uma característica que pode ser muito bem aproveitada em outra empresa. Muitos jovens ainda não têm maturidade para analisar o que ouvem e tomam como verdade absoluta o que o RH diz, sem avaliar até que ponto o feedback é válido.

Sempre defendi o feedback como ferramenta fundamental durante os processos seletivos, desde a primeira etapa presencial. Depois desta experiência, porém, mudei de opinião. Ouvi de uma consultoria uma vez que eles não trabalhavam com feedback em dinâmicas justamente para que os jovens não mudassem características que poderiam funcionar em outras empresas. Na época achei que era apenas uma desculpa, mas hoje penso que esta empresa é que lida melhor com seus candidatos. Em etapas mais avançadas o feedback existe, porém é sempre enfatizado o que a empresa buscava e não encontrou, mas que isso não é necessariamente ruim.

O que gostaria de sugerir é: ouçam o feedback, mas sempre com cautela. E se você já consegue enxergar porque não foi aprovado em uma dinâmica (que foi o que aconteceu comigo), não fique para ouvir. O mais importante para o seu desenvolvimento é seu autoconhecimento, é você avaliar o que há de errado e o que pode ser melhorado. Ouvir a opinião dos outros é sempre interessante para nos conhecermos melhor, mas lembre-se: você é quem deve definir quais são suas características positivas e negativas, levando em consideração sua opinião e não apenas as opiniões oferecidas durante um feedback.

Texto de Mari Medeiros

5 comentários

  1. Blog Roni Soares // 16 de setembro de 2010 às 14:28  

    Boa tarde!

    Participei de um processo de Trainee e não fui aprovado na ultima etapa,pedi para a empresa me dar um Feed Back.Vou ficar atento as suas colocações,que são muito interessantes,parabéns pelo assunto.

    Abç.
    Roni Soares.

  2. Tatiana // 16 de setembro de 2010 às 16:47  

    Também ficaria surpresa ao ouvir algo assim, mas com certeza não ficaria calada. Acho importante questionar o RH para saber se é apenas um problema de "não é o perfil procurado pela empresa" ou é algo como "essa característica não é bem vista no mercado".

  3. Tatiana // 16 de setembro de 2010 às 16:48  

    Também ficaria surpresa ao ouvir algo assim, mas com certeza não ficaria calada. Acho importante questionar o RH para saber se é apenas um problema de "não é o perfil procurado pela empresa" ou é algo como "essa característica não é bem vista no mercado".

  4. Marianne // 16 de setembro de 2010 às 19:05  

    Oi, Tatiane!

    Obrigada pela sua visita e comentário. Também acho que deveria ter dito algo no momento, mas fiquei tão espantada que, sinceramente, não consegui reagir.

    Em todo caso, o que mais se ouve hoje em dia é que o candidato precisa ter "brilho nos olhos".. E acho que ter paixão pelo que se faz é um reflexo claro disso. Você não?

    Foi a primeira vez que ouvi isso, pois essa é uma característica minha que sempre foi bem vista.. Então acho que, ainda que tenha existido uma falha minha em questionar, ouve uma falha do RH em pontuar uma característica que, em alguns cargos e empresas, é fundamental!

    Acho que o importante é sabermos filtrar o que se ouve, porque também sabemos o que é nosso "tempero", não é? :)

    Um abraço!

    Mari

  5. Anônimo // 16 de setembro de 2010 às 21:59  

    Oi Mari,

    Realmente temos que ter cuidado com o feedback. Acho importante termos um feedback, mas temos que ser cuidadosos ao escutarmos e não levar tudo a risca. Eu tive a oportunidade de participar de dois processos que ofereceram feedback. O primeiro foi da Reckitt Benckiser, as RH também pediram para eu falar porque eu achava que eu não tinha passado. Eu disse, que primeiro gostaria de ouvir delas o motivo. Elas se enrolaram e não conseguiram explicar direito. Uma falou que a minha apresentação pessoal ficou um pouco confusa, então perguntei qual parte não havia ficado clara para ela, ela não soube dizer. Por fim, não souberam falar o porque.
    Outro processo que recebi feedback foi da WHP, a RH foi super simpática comigo, um amor de pessoa. Ela disse que a minha apresentação pessoal foi muito boa e original, porém as vezes eu ficava olhando para um determinado grupo (achei isso muito valido, acho que este tipo de detalhe que nos ajuda a crescer e melhorar). Ela acrescentou, que por eu ter feito um apresentação pessoal boa, as expectativas ao meu respeito eram muito grande e qdo eu fui trabalhar em grupo, eu não motivei todos os integrantes do grupo. Nesse ponto, acho que acertou também, porém eu me pergunto: que chega a uma DG não deveria estar super motivado? será que era meu papel motivar uma pessoa que está dispersa?
    Bem foram essas as minhas experiências com feedback, sem duvida é um tema polemico. Ainda estou analisando as informações recebi nos feedback
    Mari, se esse seu feedback ocorreu no processo da WHP, concordo com a analise que você fez a respeito dos candidatos aprovados, de serem mais tranquilos....

    boa sorte, bom trabalho e sucesso!